Segurança Nacional: 80 minutos de vergonha alheia :: Crítica
Crítica, MiltonGonçalves, Resenha, SheilaMello, SoniaLima, ThiagoLacerda
Segurança Nacional começa como todo filme de ação americano, em meio a uma perseguição, não de carros, mas de barcos, no coração da Amazônia, em uma cena meio “Apocalipse Now”. Só que, em vez de Martin Sheen, Robert Duvall, Marlon Brando, temos o rosto de Thiago Lacerda em primeiro plano.
Depois de desbaratar a base dos traficantes, temos Marcos no rio, triunfante com aquele olhar de dever cumprido, a bandeira do Brasil ao fundo, e passamos para uma cena em frente ao Congresso Nacional. Tudo muito forçado e fora de contexto.
A história é a seguinte: o Brasil instalou um sistema de segurança e monitoramento espetacular sobre a Amazônia, o SIVAM. Os grandes traficantes colombianos ficaram muito bravos com isso, já que agora não conseguem mais mandar seus aviões com coca para o Brasil. Como vingança, eles resolvem jogar uma bomba atômica em Manaus... É, você não leu errado, traficantes com bomba atômica... chamem o Jack Bauer... ou melhor o Agente Marcos.
Apesar do filme mostrar o tempo todo que dinheiro não foi problema, com cenas em aviões e helicópteros, tudo é muito mal feito. As atuações são sofríveis, a perseguição de carro não consegue disfarçar o fato de ter sido feita a uns 40 km/h e a trama é essa piada que digitei acima. A trilha sonora é um espetáculo à parte. Começa a tocar um mambo e eu logo imagino: "lá vem o traficante colombiano". Acertei.
E assim, cena após cena, o filme vai conseguindo manter a promessa de ser uma obra de ação nos padrões hollywoodianos, mas no pior sentido da palavra. Os traficantes são totalmente estereotipados, como em um filme B americano. Já os diálogos são dignos de filmes toscos dos anos 80, como American Ninja e Braddock, só que sem Michael Dudikoff e o Chuck Norris. Enfim, uma vergonha alheia total.
O clima de propaganda oficial fica visível quando decolam os aviões da FAB. Em outra cena, toca toda a primeira parte do Hino Nacional, em uma versão lenta, enquanto o Presidente Milton Gonçalves beija estudantes uniformizados. Se pelo menos fosse a Vanusa cantando...
O filme vai passando, a bomba explode no meio da Amazônia e nada é dito sobre os impactos que isso causou: "Felizmente foi em uma área desabitada" (!?!). É quando aparece uma segunda bomba, que dessa vez explodirá em Florianópolis. Por que lá? O filme não explica. Mas o fato do Governo de Santa Catarina estar entre os "apoiadores institucionais" dá uma dica a esse respeito.
Segurança Nacional foi incluído pelos seguidores do blog na lista dos piores de 2010. Foi com certa surpresa que recebi alguns protestos por isso. Nenhuma das mensagens falava que o filme é bom, mas sim que devemos gostar dele pois é "patriótico". A lógica seria mais ou menos a seguinte: se o filme faz propaganda "positiva" do Brasil, devemos gostar dele; se não gostarmos, somos mau brasileiros. Em outras palavras, para essas pessoas Segurança Nacional seria a versão cinematográfica da Seleção do Dunga.
A questão é que o filme é muito ruim mesmo e nenhum patriotismo do mundo pode mudar isso. A todo momento temos vontade de rir dos diálogos, dignos das piores novelas da TV. Falar que este filme faz propaganda positiva do Brasil, seja aqui ou lá fora, é uma afronta à inteligência do brasileiro. Ele faz, sim, uma propaganda muito clara (nada sutil) de alguns setores do governo e, por isso, conseguiu filmar em prédios oficiais, usando caças da FAB, etc.
Ah... E um filme que tem a Sônia Lima e Sheila Mello no seu elenco, não quer mesmo ser levado a sério.
Dinheiro não foi problema, já todo o resto...
ps. Aviso para petistas e tucanos fanáticos: Comentários cinematográficos são mais do que bem-vindos. Gostou do filme e não concorda comigo? Pode comentar aqui. Não gostou? Comente também. Já comentários políticos serão devidamente ignorados, moderados e apagados. Este é um site de CINEMA.
Depois de desbaratar a base dos traficantes, temos Marcos no rio, triunfante com aquele olhar de dever cumprido, a bandeira do Brasil ao fundo, e passamos para uma cena em frente ao Congresso Nacional. Tudo muito forçado e fora de contexto.
A história é a seguinte: o Brasil instalou um sistema de segurança e monitoramento espetacular sobre a Amazônia, o SIVAM. Os grandes traficantes colombianos ficaram muito bravos com isso, já que agora não conseguem mais mandar seus aviões com coca para o Brasil. Como vingança, eles resolvem jogar uma bomba atômica em Manaus... É, você não leu errado, traficantes com bomba atômica... chamem o Jack Bauer... ou melhor o Agente Marcos.
Apesar do filme mostrar o tempo todo que dinheiro não foi problema, com cenas em aviões e helicópteros, tudo é muito mal feito. As atuações são sofríveis, a perseguição de carro não consegue disfarçar o fato de ter sido feita a uns 40 km/h e a trama é essa piada que digitei acima. A trilha sonora é um espetáculo à parte. Começa a tocar um mambo e eu logo imagino: "lá vem o traficante colombiano". Acertei.
E assim, cena após cena, o filme vai conseguindo manter a promessa de ser uma obra de ação nos padrões hollywoodianos, mas no pior sentido da palavra. Os traficantes são totalmente estereotipados, como em um filme B americano. Já os diálogos são dignos de filmes toscos dos anos 80, como American Ninja e Braddock, só que sem Michael Dudikoff e o Chuck Norris. Enfim, uma vergonha alheia total.
O clima de propaganda oficial fica visível quando decolam os aviões da FAB. Em outra cena, toca toda a primeira parte do Hino Nacional, em uma versão lenta, enquanto o Presidente Milton Gonçalves beija estudantes uniformizados. Se pelo menos fosse a Vanusa cantando...
O filme vai passando, a bomba explode no meio da Amazônia e nada é dito sobre os impactos que isso causou: "Felizmente foi em uma área desabitada" (!?!). É quando aparece uma segunda bomba, que dessa vez explodirá em Florianópolis. Por que lá? O filme não explica. Mas o fato do Governo de Santa Catarina estar entre os "apoiadores institucionais" dá uma dica a esse respeito.
Segurança Nacional foi incluído pelos seguidores do blog na lista dos piores de 2010. Foi com certa surpresa que recebi alguns protestos por isso. Nenhuma das mensagens falava que o filme é bom, mas sim que devemos gostar dele pois é "patriótico". A lógica seria mais ou menos a seguinte: se o filme faz propaganda "positiva" do Brasil, devemos gostar dele; se não gostarmos, somos mau brasileiros. Em outras palavras, para essas pessoas Segurança Nacional seria a versão cinematográfica da Seleção do Dunga.
A questão é que o filme é muito ruim mesmo e nenhum patriotismo do mundo pode mudar isso. A todo momento temos vontade de rir dos diálogos, dignos das piores novelas da TV. Falar que este filme faz propaganda positiva do Brasil, seja aqui ou lá fora, é uma afronta à inteligência do brasileiro. Ele faz, sim, uma propaganda muito clara (nada sutil) de alguns setores do governo e, por isso, conseguiu filmar em prédios oficiais, usando caças da FAB, etc.
Ah... E um filme que tem a Sônia Lima e Sheila Mello no seu elenco, não quer mesmo ser levado a sério.
Dinheiro não foi problema, já todo o resto...
ps. Aviso para petistas e tucanos fanáticos: Comentários cinematográficos são mais do que bem-vindos. Gostou do filme e não concorda comigo? Pode comentar aqui. Não gostou? Comente também. Já comentários políticos serão devidamente ignorados, moderados e apagados. Este é um site de CINEMA.
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Autor: Grandes Filmes - @grandesfilmes Criador e revisor do blog dos Grandes Filmes. Viciado em cinema e nerd incorrigível. |