Irreversível: um filme que se torna cada vez mais clássico
Crítica, Gaspar Noe, Jessica Batista, Melhores Filmes, Monica Bellucci, Resenha, Texto, Vincent CasselNas mesas de bar, quando o assunto é cinema, eu já me animo. E gosto também quando vejo pessoas ao meu redor excitadas quando o assunto é esse. Vou falar de um filme que foi um dos clássicos dos quais todos comentavam e um dos mais difíceis de achar para comprar nas lojas, fossem elas físicas ou virtuais: Irreversível (2002). Admito que demorei muitos anos para ver essa embasbacante película francesa - talvez porque todas as pessoas contavam a trama para mim e eu acreditei que pudesse viver sem assisti-lo: estava enganada.
Com uma sequência de filmagens de trás para frente, também usada no genial Amnésia (2000), de Christopher Nolan (precisa de mais alguma coisa?), a narrativa conta a história de vingança do ex-marido Pierre (Albert Dupontel) e do marido Marcus (Vincent Cassel) que percorrem o submundo de Paris, França, em busca homem que estuprou e espancou Alex, interpretada por uma das mulheres mais atraentes do mundo do cinema, Monica Bellucci. Esse é, inclusive, o 8º filme dos 10 em que a italiana contracenou com seu sedutor marido, Cassel.
A sinopse já dá prévias das fortes cenas que serão vistas diante das telas. Perturbador e genial. Impossível ver o filme até o fim sem fazer uma reflexão: e mesmo que seja negativa, não deixa de ser uma. O modo surreal e delirante que o filme é dirigido pelo subversivo e competente argentino Gaspar Noé (de Sozinho Contra Todos, outro em que o sentimento de interesse e incômodo andam juntos), traz ao espectador uma fotografia de cores fortes e escuras e a câmera que dança e move-se a todo instante para mostrar cenas de violência em diversos lugares, que vão desde uma boate gay, um ponto de prostituição até, claro, uma das cenas mais polêmicas da obra: o estupro de mais de 9 minutos sofrido pelo belíssimo corpo de Bellucci sem cortes de câmera. Chocante.
Bem, Irreversível pode servir também como uma parábola sombria: mesmo sabendo qual será o desfecho da história, mesmo tendo certeza do match point do jogo, é impossível não continuar. Possui uma direção brilhante, com cenas de difícil execução e assistir uma vez não basta para compreender toda a complexidade delas. Indico.
Como disse antes, igualmente de trás para frente e igualmente bom é Amnésia (Viram? Não esqueci!). Mas este fica para uma próxima vez.
Irreversível: um filme que se torna cada vez mais clássico é um post original do blog dos Grandes Filmes.
Autora: Jéssica Batista - @ajessicabatista Formada em Jornalismo, é apaixonada por roteiros com longos diálogos e fotografias. |