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Precisamos Falar Sobre o Kevin retrata o lado esquecido dos psicopatas


O cinema já retratou com muita competência o tema “massacre nas escolas”, como em Zero Day (Ben Coccio, 2003) e Elefante (Gus Van Sant, 2003), entre tantos outros. O assunto delicado sobre jovens assassinos em série é sempre retratado pelo prisma dos alunos-vítimas, das perdas das famílias e do pensamento frio dos personagens principais. E é isso que difere Precisamos Falar Sobre o Kevin (Lynne Ramsay, 2007) de outros dramas semelhantes.


A ficção conta a história do jovem Kevin (Ezra Miler), 15 anos, que vai ao reformatório após entrar em sua escola e matar e aleijar diversos alunos. Mas o foco da trama não é a criança e, sim, a história de sua mãe, Eva Khatchadourian (Tilda Swilton), tentando refazer sua vida após o acontecimento.

Logo no início da película, que o diretor Lynne Ramsay costura muito bem as cenas, é possível saber que algo não vai bem. Aos poucos, a trama revela a difícil vida atual de Eva. Considerada a pária em seu bairro, evita o máximo o contato com outras pessoas. É insultada e agredida e não tem o respeito de seus colegas do trabalho, que sequer falam com ela.

Através do quebra-cabeça que vai sendo montado diante dos telespectadores, também é apresentado seu passado, em que fora feliz e realizada com seu marido Franklin (John C. Reilly). O nascimento e crescimento de um psicopata que, desde criança, dá diversos sinais de ausência de sentimento e excesso de cinismo, transformam a dedicada mãe em refém frustrada de suas sucessivas tentativas de aproximação.


O carinho se transforma em culpa por ter parido um pequeno monstro e não conseguir fazer nada a respeito. O título também foi bem escolhido, pois Precisamos Falar Sobre o Kevin transmite a única coisa que faltou à mãe: coragem de aceitar e alertar aos outros sobre o próprio filho. Pois quando se tenta entender massacres similares, como Realengo e Columbine, muitas vezes procurar desvios familiares ou conflitos de infância não bastam. O prazer de fazer o mal está acima dos sentimentos de compaixão ao próximo.

A adaptação do romance homônimo de Lionel Shriver é vencedora de diversos prêmios, como Globo de Ouro, Bafta e Festival de Cannes. Com brilhantes atuações de Tilda Swilton e das duas fases de Kevin, com Jasper Newel, aos 8, e Ezra Miler, aos 15, Precisamos Falar Sobre o Kevin é um ótimo filme e vale ser visto e revisto. Como diz o próprio adolescente: “Não há propósito. Este é o propósito”.



Jéssica Batista Autora: Jéssica Batista - @ajessicabatista

Formada em Jornalismo, é apaixonada por roteiros com longos diálogos e fotografias.
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