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Metrópolis no Ibirapuera - Uma noite fria e linda :: Crítica


Quando saí do Conjunto Nacional, rumo ao Ibirapuera, tinha certeza de que o principal problema quando chegasse ao Parque seria estacionar. Esta é a praga de São Paulo e uma das coisas que mais me desanimam de sair de casa. Depois de rodar dentro do estacionamento por 15 minutos, resolvi tentar algum outro portão, antes de desistir. Por sorte, consegui uma vaga.

Chegamos em cima da hora, a exibição estava para começar. Após uma breve introdução, à qual não prestei nenhuma atenção, a Orquestra Jazz Sinfônica inicia a apresentação, enquanto as imagens de Metrópolis passam a ser exibidas na parede de trás do Auditório do Ibirapuera.

Metrópolis, de Fritz LangMetrópolis, de Fritz Lang

Sentados na grama ligeiramente úmida do Ibirapuera, somos envolvidos pela trilha sonora que é, também, o som das gigantescas máquinas do filme. A Orquestra está no recuo existente logo abaixo de onde o filme está sendo projetado. A imagem icônica, quase santa, de Maria aparece na “tela”, cercada por crianças maltrapilhas, em contraste com as roupas finas dos figurões da cidade. Ela é uma espécie de líder espiritual dos trabalhadores oprimidos e desperta a paixão do filho do prefeito.

Por mais de uma hora, acompanhamos às agruras de um mundo dividido entre os poderosos, em seus grandes edifícios, e os oprimidos, que vivem nos subterrâneos da metrópole. Eu, caipira da cidade, muito incomodado por estar sentado na grama, sem apoio para as costas, mas ainda assim completamente imerso na história contada por Fritz Lang de maneira simples e direta.

Vem o primeiro intervalo e todos se levantam para esticar às pernas. Muita gente vai embora, o frio está aumentando, está ficando tarde e o filme, feito em 1927, não é propriamente uma obra fácil para quem só está acostumado ao cinema falado.

O ato intermediário passa rápido, um robô malígno é criado, à imagem e semelhança de Maria. O desastre é iminente. Vem mais um intervalo de 15 minutos onde os músicos podem descansar, antes do grande final.

Crédito: http://www.mostra.org

O ato final é apoteótico. Toda a destruição, na projeção, é acompanhada pela trilha incrivelmente bem encaixada. Fica até difícil lembrar de que nenhuma palavra foi dita durante todo o filme. As pessoas aplaudem, extasiadas.

Todos que ficaram ali até o final sabem que acabaram de presenciar um evento único, algo que nunca mais se repetirá.

Deixei de ver Paris, Texas, um dos meus filmes “Top 10”, para assistir a esta projeção. Acho que fiz a escolha certa. Tenho certeza de que ainda terei outras chances para assistir ao filme de Win Wenders no cinema.

Foi uma noite fria e sem estrelas, no Parque do Ibirapuera, mas ainda assim muito linda.




Grandes Filmes Autor: Grandes Filmes - @grandesfilmes

Criador e revisor do blog dos Grandes Filmes. Viciado em cinema e nerd incorrigível.
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