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Tiros em Columbine: Quando a americanização ultrapassa o sociocultural


O massacre de Realengo, Rio de Janeiro, é um assunto muito doloroso e latente na memória de toda a população brasileira. Apesar de o país seguir seu curso com "outras preocupações", o dia 7 de abril não será esquecido tão facilmente. Muitos questionam-se sobre o que provocou a reação desmedida do jovem atirador Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, que entrou armado numa escola e atirou em 12 crianças.

Massacre na escola de Realengo - Imagens da câmera de segurança mostram as crianças fugindo do assassino

Muitos pontos foram questionados e medidas como detectores de metais e o desarmamento da população foram postos em voga novamente. Um ato como esse provocou revolta, muitas dúvidas e medos, mas informações distorcidas são as que concretizam-se mais facilmente sobre as cabeças tupiniquins que sempre acreditaram que o problema estava apenas no vizinho.

E, em um país que procura a todo custo imitar os modelos econômicos e socioculturais dos Estados Unidos, declaradamente em falência (e que continua a gerir seu país como um cassino), tentar assistir o massacre brasileiro com olhos diferentes pode ser indigesto. E um documentário ideal para ampliar o pensamento de toda essa tragédia e tentar assumir um pouco da responsabilidade com o que aconteceu aos meninos cariocas é Tiros em Columbine, exibido em 2002.

Tiros em Columbine - Michael Moore entrevista Marilyn Manson

O polêmico diretor Michael Moore, que sempre toca em feridas de seu querido país como o capitalismo exacerbado, a saúde pública, os ataques de 11 de setembro e tantos outros, procurou compilar tudo o que cercou a violência gerada na escola da cidade de Colorado, onde dois adolescentes mataram, no colégio onde estudavam, treze colegas e um professor. No fim, tiraram a própria vida.

O filme mostra outras vertentes, diferentes das quais a mídia e a política tentam espetacularizar a todo custo. Enquanto muitos procuravam culpar filmes e games violentos, músicas vindas de cantores polêmicos como Marylin Manson e tantos outros entretenimentos, Moore expõe como é fácil comprar armas e balas nos estados, como a política de medo faz um papel em prol do consumo exagerado e como a falta de diálogo e o entendimento de certas questões de liberdade são cerceadas e fazem toda a diferença para que a violência se desencadeie em episódios como esse.

Tiros em Columbine - Michael Moore entrevista  Charlton Heston

Não que todas as questões apliquem-se em nosso caso. Mas ao assistir ao premiado documentário, ganhador do Oscar, entre outros, é possível entender porque a sociedade se revolta. Não desculpa a ação, mas esclarece um pouco os fatos e a quem realmente deve ser colocada a culpa, se é que ela existe. Ótimas e controversas entrevistas são exploradas com um arquivo notável de notícias e uma visão única sobre a terra do Tio Sam.

Vale ver, rever e discutir sobre.



Jéssica Batista Autora: Jéssica Batista - @ajessicabatista

Formada em Jornalismo, é apaixonada por roteiros com longos diálogos e fotografias.
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