Semana Cinéfila #3: Billy Wilder
Billy Wilder, Jack Lemmon, Kirk Douglas, Lista, Marilyn Monroe, Melhores Filmes, Semana Cinéfila, Shirley MacLaine, Texto, Toni CurtisA terceira Semana Cinéfila foi sobre o diretor polonês, radicado nos EUA, Billy Wilder.
Wilder foi um dos diretores que mais souberam traduzir o espírito de um filme hollywoodiano. Suas comédias e dramas agradaram crítica e público.
Crepúsculo dos Deuses é citado em praticamente todas as listas de melhores filmes já feitos. Já Quanto Mais Quente Melhor foi eleita a melhor comédia de todos os tempos.
Billy Wilder ganhou 6 Oscars e foi indicado para dezenas de outros prêmios.
Vale notar que depois de Kurosawa e Renoir, senti uma pequena queda na qualidade dos filmes. Não que Wilder não seja importantíssimo para a história do cinema, mas para o meu gosto os dois diretores anteriores são muito mais interessantes.
Na Semana Cinéfila #3 – Billy Wilder, assisti a 4 filmes: Farrapo Humano (1945), A Montanha dos Sete Abutres (1951), Quanto Mais Quente Melhor (1959) e Se Meu Apartamento Falasse (1960).
Farrapo Humano (The Lost Weekend, 1945)
Farrapo Humano é um drama sobre alcoolismo que, segundo o próprio diretor, fez com que ele passasse a ser levado a sério.
O filme é tão perturbador que foi perseguido pela indústria de bebidas, que achava que sua exibição poderia diminuir a venda, por mostrar os efeitos devastadores do álcool sobre o indivíduo. Por outro lado, os partidários da lei seca achavam que o filme incentivava o consumo de bebidas alcoólicas.
Segundo o livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer, o final recebeu uma censura do estúdio, mas ainda assim os autores conseguiram evitar que todo o clima do filme fosse perdido. De qualquer forma, acabaram tirando um pouco de força da trama.
O filme venceu 4 Oscars (filme, diretor, roteiro e ator - Ray Milland). Também levou 2 prêmios em Cannes (Grande Prêmio e ator - Ray Milland). Ganhou ainda o Globo de Ouro, entre outros.
A Montanha dos Sete Abutres (Ace In The Hole, 1951)
Um jornalista inescrupuloso resolve explorar ao máximo a tragédia de um homem soterrado em uma mina.
Depois de ser despedido por diversos grandes jornais, o protagonista foi parar em um jornaleco de uma cidade pequena. Ele vê na história uma chance para conseguir voltar a um bom emprego.
Manipulando todos à sua volta, ele monta um verdadeiro circo ao redor do acidente, sem perceber que seu plano pode fugir do controle a qualquer momento.
Impressionante como a trama é atual, apesar de ter sido filmada há 60 anos. A manipulação da tragédia humana por uma imprensa descompromissada, o público ávido pela desgraça alheia. Tudo o que vemos na TV hoje já estava lá.
Foi indicado ao Oscar e venceu o prêmio internacional no Festival de Veneza.
A Montanha dos Sete Abutres foi o filme que mais gostei nesta semana.
Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Rock, 1959)
Dois músicos testemunham acidentalmente um massacre efetuado pela máfia de Chicago. Para escapar da morte certa, ambos se empregam em uma banda feminina, vestidos de mulher. Logo, ambos têm problemas para mander o disfarce: Joe / Josephine por se apaixonar pela bela cantora do grupo (Marilyn Monroe, simplesmente linda e adorável), Jerry / Daphne por encontrar um milionário que se apaixona perdidamente por ele.
Como é de se esperar a partir dessa pequena sinopse, Quanto Mais Quente Melhor tem diversas piadas criadas a partir do fato dos dois homens estarem inseridos em um ambiente só de mulheres, mas é no momento em que seus protagonistas se envolvem em "romances" que o filme fica realmente divertido.
Joe tem que conquistar a bela Sugar Kane (Monroe) sem colocar em risco seu disfarce. Já Jerry acaba se envolvendo em algo mais complicado, já que um lascivo milionário não o deixa em paz. E vem daí a frase mais lembrada do filme: "Ninguém é perfeito!".
Um detalhe que não pode ser ignorado é que só a beleza de Marilyn cantando já vale o filme.
Ganhou o Oscar de melhor figurino em preto e branco, o Bafta de melhor ator estrangeiro (Jack Lemmon), além de diversos outros prêmios. Como já citado, no ano 2000 a AFI - American Film Institute o escolheu como o melhor filme de comédia de todos os tempos.
Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment, 1960)
Outra comédia de Billy Wilder, estrelada por Jack Lemmon e uma jovem Shirley MacLayne.
Em Se Meu Apartamento Falasse, Lemmon é o empregado de uma grande companhia que aluga seu bem localizado apartamento para executivos levarem suas amantes. Apesar de viver se dando mal com essa prática, não consegue deixá-la, por pressão de seus chefes.
Mas, ao mesmo tempo em que vive lhe trazendo problemas, o apartamento também o ajuda a subir dentro da empresa, o que deixa toda a trama bem interessante. O herói se equilibra em uma tênue linha entre o "bom moço" e o "carreirista". Ele quer parar com tudo, mas não quer perder os privilégios, quer levar uma vida comum e conquistar uma garota, mas não quer se indispor com os chefes.
Acabou levando 5 Oscars (filme, diretor, edição, roteiro e direção de arte - preto e branco), 3 Baftas (filme, ator estrangeiro - Jack Lemmon, e atriz estrangeira - Shirley MacLayne), 3 Globos de Ouro (filme - comédia, ator de comédia - Jack Lemmon, e atriz de comédia - Shirley MacLayne), além de diversos outros prêmios.
Outros filmes de Billy Wilder:
Uma lista com outros filmes que podem entrar em qualquer semana especial de Billy Wilder.
Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944)
Crepúsculo dos Deuses (Sunset Blvd., 1950)
Inferno No. 17 (Stalag 17, 1953)
O Pecado Mora Ao Lado (The Seven Year Itch, 1955)
Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957)
O que é a Semana Cinéfila?
Criei a Semana Cinéfila como forma de assistir diversos clássicos do cinema que nunca tinha visto, ou que tinha visto há muito tempo.
Um jeito legal de mergulhar fundo nos melhores filmes de todos os tempos, usando como referência diversas fontes e listas, como: Bravo! - 100 Filmes Essenciais da História do Cinema, 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer, o site Melhores Filmes e as listas do IMDb, entre outros.
Faça você também a sua semana cinéfila.
Leia também:
Semana Cinéfila #1: Akira Kurosawa
Semana Cinéfila #2: Jean Renoir
Não perca, no próximo domingo, a Semana Cinéfila #4: Fritz Lang.
Autor: Grandes Filmes - @grandesfilmes Criador e revisor do blog dos Grandes Filmes. Viciado em cinema e nerd incorrigível. |